– Certo, na verdade eu espero que dois ou três caras sobrevivam esse mês;
– Cale a boca e proteja-se.
Esta é Gone with the blastwave.
Eu descobri essa história em quadrinhos (ou webcomic, se preferir esse termo) faz um ano e meio, mais ou menos. Acabei lendo ela toda de uma vez só – um feito até comum pra mim, quando o material não é tão extenso. Descobri ao procurar conteúdo extra para um jogo chamado Cortex Command, e achei os bonecos simpáticos. No entanto, até hoje me parece uma obra fantástica. É engraçado, então, que ela tenha sido completamente abandonada pelo seu criador, o finlandês Kimmo Lemetti.
A história é genérica – mundo pós-apocalíptico dominado pela guerra – os personagens são humoristicamente planos – dois psicopatas que se odeiam, basicamente – e a história acaba nunca chegando à lugar algum. E mesmo assim, é como se o autor conseguisse criar uma paródia extremamente envolvente, ácida e cheia de pequenas reflexões sobre a futilidade humana sem realmente se esforçar.
Seu blog não é atualizado desde junho do ano passado. O quadrinho? Às vezes é mensal, outras bimestral e por aí vai. Lemmeti é um artista de mão cheia e, apesar de sua auto-proclamada dificuldade em desenhar fisionomias, demonstra uma capacidade sobre-humana de contar piada à partir da desgraça. E, apesar desse abandono e reclusão, ainda considera terminar a história até 2015. Parece estranho, mas acredito que ele vai concluir esse trabalho até lá.
Gone with the blastwave é como o punk rock se sente quando você começa a perguntar à seus criadores. Ninguém admite tal feito hoje em dia, virou um filho bastardo, uma vergonha bater no peito e falar “eis a minha criação”. E, se tratando de um humor tão obscuro, imagino que seja melhor assim mesmo. Certas criações devem ser renegadas para florecer.
[O blog Virtualidade Latente pode até parecer que está na mesma vibe do Gone with the blastwave, mas a verdade é que planejo muitos posts ainda por vir, só está me faltando tempo e motivação; Não quer dizer que eu vá abandoná-los por meses à fio, mas certa paciência é necessária]