Quando Call of Duty: World at War me fez rever minha opinião sobre jogos de videogame

Call of Duty: World at War; Montagem por Mariana Rocha; Arte original: EA Games;

Nazistas são os melhores inimigos já feitos para os videogames. Dito isso, é estranho que um jogo de Segunda-Guerra me fizesse começar a questionar o uso indiscriminado dos soldados alemães morrendo em todas as histórias que se passam nesse particular momento histórico. Mais estranho ainda, que seja possível humanizar uma figura tão demonizada quanto à do racista anti-semita – que, convenhamos, nem era tão incomum na época – que planejava dominar o mundo. No entanto – talvez para demonizar outro grupo étnico, talvez para fazer alguma coisa diferente em um cenário saturado – foi em Call of Duty: World at War, que percebi que um crime de guerra é mais difícil de cometer do que parece. Continuar lendo

É um filho bastardo e genial: Gone with the blastwave

– Certo, na verdade eu espero que dois ou três caras sobrevivam esse mês;
– Cale a boca e proteja-se.

Esta é Gone with the blastwave.

Eu descobri essa história em quadrinhos (ou webcomic, se preferir esse termo) faz um ano e meio, mais ou menos. Acabei lendo ela toda de uma vez só – um feito até comum pra mim, quando o material não é tão extenso. Descobri ao procurar conteúdo extra para um jogo chamado Cortex Command, e achei os bonecos simpáticos. No entanto, até hoje me parece uma obra fantástica. É engraçado, então, que ela tenha sido completamente abandonada pelo seu criador, o finlandês Kimmo Lemetti.

A história é genérica – mundo pós-apocalíptico dominado pela guerra – os personagens são humoristicamente planos – dois psicopatas que se odeiam, basicamente – e a história acaba nunca chegando à lugar algum. E mesmo assim, é como se o autor conseguisse criar uma paródia extremamente envolvente, ácida e cheia de pequenas reflexões sobre a futilidade humana sem realmente se esforçar.

Seu blog não é atualizado desde junho do ano passado. O quadrinho? Às vezes é mensal, outras bimestral e por aí vai. Lemmeti é um artista de mão cheia e, apesar de sua auto-proclamada dificuldade em desenhar fisionomias, demonstra uma capacidade sobre-humana de contar piada à partir da desgraça. E, apesar desse abandono e reclusão, ainda considera terminar a história até 2015. Parece estranho, mas acredito que ele vai concluir esse trabalho até lá.

Gone with the blastwave é como o punk rock se sente quando você começa a perguntar à seus criadores. Ninguém admite tal feito hoje em dia, virou um filho bastardo, uma vergonha bater no peito e falar “eis a minha criação”. E, se tratando de um humor tão obscuro, imagino que seja melhor assim mesmo. Certas criações devem ser renegadas para florecer.

[O blog Virtualidade Latente pode até parecer que está na mesma vibe do Gone with the blastwave, mas a verdade é que planejo muitos posts ainda por vir, só está me faltando tempo e motivação; Não quer dizer que eu vá abandoná-los por meses à fio, mas certa paciência é necessária]

Red Shirts, de John Scalzi: Para aficcionados e admiradores de Star Trek

Publiquei uma resenha no Audible.com hoje do livro Red Shirts, de John Scalzi. Acabei resolvendo publicar uma resenha um pouco mais completa aqui, mas a versão resumida você encontra por lá mesmo. O livro, que não tem versão traduzida para o português ainda, foi lançado em junho deste ano e é narrado, na versão em audio que ouvi, por Wil Wheaton – ator e patrono nerd.

A história acompanha o novo tripulante da Universal Union Capital Ship (UUCS) Intrepid, uma nave espacial de exploração do século 25, Andrew Dhal. Recém-formado, Dhal descobre que ele e todos os tripulantes da nave, exceto pelos oficiais de alto escalão, morrem de forma horrenda nas mais diversas situações durante suas missões universo afora. Eles são os “camisas-vermelhas”, um conhecido lugar comum popularizado pela série de televisão (e grande homenageado pelo livro) Star Trek.

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Alguém entende o (desenvolvedor de RPGs) Steve Jackson?

Hoje me deparei com uma postagem do blog Não Intendo (reproduzida em miniatura ao lado), que me deixou especialmente sorridente. O jogo de cartas Illuminati, da Steve Jackson Games, não foi o único controverso, mas certamente o que mais desenvolveu alguma inquietação dos pró-conspiração-global-que-vai-matar-a-humanidade por coincidências como essa, ou por fazer referências às organizações, seitas e clubes secretos e/ou exclusivos que existem mundo afora.

As regras do jogo são bem simples, cada jogador está no papel de uma organização secreta que luta contra outras pelo controle global. Para isso, usam-se essas cartas que aumentam sua influência enquanto minam o resto dos jogadores. Até aí, Banco Imobiliário já fazia isso faz tempo, e ainda é mais popular.

Mas a verdade é que o jogo, além de baseado na série de livros Illuminatus, sempre foi mais uma paródia com doses de humor negro das teorias conspiracionistas do que qualquer coisa séria. De fato, os próprios prédios mostrados na figura nem parecem ter sido inspirados nas torres gêmeas, visto que são bem mais baixos.

No entanto, via de regra, existe uma tentativa grande de ver o controverso onde não existe, e a área 51 é um ótimo exemplo. A base, que foi por muitos anos reduto de mistérios e lendas sobre alienígenas, revelou-se faz algum tempo uma base de armas experimentais. Quando as pessoas começaram a dizer que haviam alienígenas por lá, o exército americano – sabiamente, eu diria – fingiu desconversar, justamente para que a mística criada em torno do lugar afastasse os Soviéticos e, de quebra, acabaram criando um gênero de ficção-científica – bem bobo, aliás – que dura bastante bem até hoje.

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