Serão os videogames Android o futuro?

Deixa eu responder rapidamente? Não. Mas vamos contextualizar um pouco. O sistema operacional Android foi criado primeiramente para celulares, quando a Google resolveu entrar no mercado de telefonia móvel com um sistema livre, barato e altamente flexível. O que ocorreu durante seu desenvolvimento foi o lançamento de um novo paradigma tecnológico: com a criação do iPhone, telas de toque se tornaram a principal maneira de interagir com um aparelho móvel – salvo o problema dos teclados, que ainda não conseguem ser tão precisos – e redefiniu o que viria a ser o Android. A princípio apenas em celulares, depois em tablets e agora com versões sendo pensadas para televisores e outras bugingangas, o Android ultrapassou o mercado global de aparelhos móveis como SO mais usado.

No entanto, estamos vendo uma tendência estranha em utilizar o Android para turbinar consoles (os aparelhos de videogame) e, quem sabe, revolucionar o modo como consumimos e desenvolvemos jogos. Mas, será que existe futuro para mais um competidor em um mercado liderado pelos conglomerados da Sony, Microsoft e pela Nintendo?

Ouya: O primeiro de muitosConsole-sm2

Quem acompanhou o Kickstarter nos últimos meses, viu o maior recorde na história: 8 milhões de dólares levantados em um mês. É o maior recorde da história do crowdfunding que trouxe uma grande quantidade de mídia para perto de si. Mas, afinal, O que é esse tal de Ouya?

O console vai rodar Android – como já explicado – e terá sua própria loja onde deverá vender jogos exclusivos. O lançamento está programado para ainda este ano e deve estar nas lojas (americanas) em abril. Quem quiser, pode comprar previamente e esperar chegar na sua casa. Mas o que está sendo planejado além de outra maldita versão de Angry Birds?

O Ouya levanta a bandeira de ser totalmente livre. Segundo seus desenvolvedores, você poderá criar jogos para o Ouya – assim como faz para o Android – e fazer o que bem entender com o que acontece dentro do console. Supostamente, essa liberdade até permitiria algo nocivo para quem vive de criar jogos: a possibilidade de piratear jogos, criar robôs para derrubar servidores e outras coisas de gente ocupada. No entanto, isso também significa ter total controle sobre o produto que você comprou, significa poder juntar umas cabeças na internet e desenvolver algum software que vai mudar o mundo para sempre – sem a possibilidade de retirarem seus direitos sobre o aparelho e suas informações.

Enfim, é um objetivo nobre esse. Dar o direito ao consumidor – inclusive o direito do consumidor se tornar desenvolvedor, criador e tudo o mais – é uma estratégia que poucos tentaram antes, e muitos ainda falham por falta de visão comercial. No entanto, o Ouya ainda tem cara de ser uma ideia que não tem como pegar no gosto popular, sempre pensando em videogames de última geração e realismo ímpar. O grande consumidor de jogos pode nunca se interessar por um videogame que não tem seu Halo ou Gears of War. Claro, nada impede o Ouya criar seus próprios títulos, incentivando desenvolvedores e estúdios de médio porte a criar experiências mais próximas desses jogos. O problema é que o Ouya nunca poderá se comparar ao Playstation 3 – ou outros dessa geração – em questão de hardware.

Gamestick: o copião ineficaz

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Autoproclamado “o console para televisão mais portátil já criado”, tem o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos e você poderia levá-lo para qualquer lugar. Você pode, inclusive, investir no console neste momento através do Kickstarter (termina dia 21/01). Ele também roda em Android, e levanta a bandeira de ser totalmente portátil, necessitando apenas de uma televisão com entrada HDMI para funcionar, sem a necessidade de bateria.

No entanto, para um videogame desse tamanho, parece estranho ter que andar por aí com um controle específico, mais estranho ainda esse dispositivo não oferecer nada muito específico quanto à conteúdo exclusivo ou interface de toque. Ou seja: os poucos jogos feitos para Android que foram pensados para se jogar usando um controle serão sua única diversão. Se duvidar, a única maneira do Gamestick ter uma chance de sobreviver, é se apoiar no que for trazido para o Ouya – o que, convenhamos, é só parasitismo e pode ser que o pessoal do Ouya tente se proteger um pouquinho contra isso.

Outro detalhe importante é a potência do videogame, que deverá ser bem menor do que a do Ouya – afinal, ainda não reduzimos tanto assim as últimas novidades de hardware. O que temos no final, é um misto estranho entre inovador e excêntrico. Eu não me vejo comprando isso, e conheço pouca gente que o faria.

Fato curioso: não só pegaram carona no Ouya, a Tectoy teve essa ideia primeiro!

Razer Edge: o tablet pra hardcore gymrzz*

razer-edge-controlesE para fechar, só posso falar do último lançamento da Razer, uma empresa famosa por criar produtos de ponta – leia-se: incrivelmente caros – para jogadores profissionais e entusiastas. É um tablet, com tela de toque, um processador da Intel (o que possibilita que ele rode o novo Windows 8) e uma base, onde você pode acoplá-lo e ganhar dois joysticks. Com ele, é possível jogar toda uma gama de produtos feitos para os PCs. É um “console” portátil, que te possibilita jogatina “hardcore” a qualquer hora, em qualquer lugar.

Isso significa que deve ser um dos inventos mais desnecessários já criados pela indústria de jogos eletrônicos. E olha que já fizeram muita coisa estranha.

Fala sério: Ninguém precisa tanto assim rodar Crysis numa tela e levar por aí.

* Corruptela humorística

[Espero que tenham gostado de mais uma edição da coluna, O poderoso mercado, onde tento falar um pouco sobre tendências de mercado, desenvolvimento e o que mais parecer relevante. Essa foi altamente opinativa, e não é uma resenha de nenhum desses produtos, mas tenta estabelecer que existe uma tendência no setor hoje que não pode ser negada.]

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